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Projetos de cozinha II – Planejamento Estratégico




    Voltamos aqui para mais um texto da série ‘’Projetos de Cozinha’’ , onde estamos abordando um dos temas mais importante quando falamos em restaurantes. Como vimos no texto anterior o primeiro passo para a construção ou reforma de uma cozinha é a contratação de um profissional especializado no ramo. Um consultor gastronômico; nutricionista ou mesmo um chef de cozinha são os profissionais mais adequados para auxiliar engenheiros e arquitetos no preparo do projeto. Tomando essa iniciativa, você terá uma cozinha com fluxo de mercadorias e de funcionários mais dinâmico e consequentemente obterá um trabalho com mais qualidade e pratos servidos com mais frescor.
    No artigo de hoje, veremos como deve ser o planejamento passo a passo da elaboração de um projeto de cozinha. Por conta de sua complexidade, podemos dizer que é um planejamento estratégico, as etapas devem ser subsequentes de maneira que uma não atrapalhe ou atrase a próxima etapa.

Etapa I – Juntando informações

    Ao contrario do que muitos pensam, o lay out das cozinhas depende essencialmente da tipologia do estabelecimento, ou seja, depende do tipo de cozinha que vai se trabalhar, depende do tipo de serviço que iremos utilizar, depende do número de clientes que queremos atender. Obtendo essas informações de forma correta e precisa, podemos iniciar a rascunhar os croquis do projeto. (Lembrando que um gastrônomo ou nutricionistas não podem assinar plantas oficiais, portanto o desenho da cozinha deve ser acompanhado por um engenheiro ou arquiteto).

Etapa II – Áreas essenciais

     Após compreender que tipo de restaurante utilizara a cozinha a ser projetada, devemos distribuir as ‘’áreas essenciais’’. Esses espaços são aqueles que independem da tipologia do estabelecimento, ou seja, estarão presentes em todos os tipos e tamanhos de cozinhas, o que vai diferir será o tamanho dessas áreas. Mas que áreas são essas? Incluímos como ‘’essenciais’’ as lixeiras recicláveis e orgânicas; áreas de armazenagem e distribuição de gás; estoques; vestiários; refeitórios e sanitários para funcionários; área de recepção; triagem e higienização de mercadorias; copa suja e copa limpa. Lembrando que cada área deve ser disposta de acordo com as leis, portanto quem estiver elaborando o projeto deve conhecer o mínimo das leis sanitárias para não correr o risco de construir algo fora da legalidade.

Etapa III – Inclusão de áreas específicas
    Áreas específicas ou áreas não essenciais são aquelas que se destinam somente a restaurantes que as necessitem, sempre levando em consideração a tipologia estabelecida. Podemos inserir nesse contexto câmaras refrigeradas ou para congelados; garde manger (cozinha fria); área de manipulação de carnes; áreas de cocção ao vivo (cozinha japonesa); confeitaria e padaria, entre outras. Normalmente essas áreas circundam, apoiam e são apoiadas pela cozinha quente fornecendo e utilizando seus preparos. Organizar de forma a diminuir o tempo de circulação dos alimentos e minimizando o transito de colaboradores e o principal desafio dessa etapa.

Etapa IV – Escolha dos equipamentos

    Nesse momento já temos o projeto definido. As áreas da cozinha já foram dividas e devidamente dimensionadas. É sempre muito importante tentar levar o projeto o mais próximo da realidade possível tentando minimizar os erros. Como fazer isso? Existem no mercado online diversos programas onde se pode montar a planta em 3D, isso ajudar a avaliar melhor a disposição dos espaços e visualizar a cozinha com mais proximidade da realidade.
    A escolha dos equipamentos depende diretamente do tamanho dos espaços na divisão da cozinha e claro, depende da tipologia do restaurante. Outro ponto muito importante e avaliar o custo benefício dos equipamentos, também levando em conta a tipologia dos estabelecimentos. Por exemplo, existem no mercado diversos modelos de fornos combinados desde os mais simples até modelos com touch screem e programações de cocção. Dependendo do nível de profissionalização da mão de obra e do tipo de produto que sairá da cozinha, será necessário um tipo de forno diferente. Não adianta gastar dinheiro com um forno touch screen, se a mão de obra for de baixa qualidade ou não tiver um bom treinamento, provavelmente esse será um investimento com baixo retorno e com grandes possibilidades de prejuízos com quebras ou com o mau uso.
    Resumindo, a elaboração de projetos de cozinha precisa ser gradativa, levando em conta todas as nuances e peculiaridades que o estabelecimento exige. Lembre-se sempre que estamos mexendo com construção de espaços e com equipamentos muitas vezes fixos. Mudanças no lay out do projeto após este estar finalizado são muito difíceis e encarecem demais a obra. Portanto esse não é um momento de se trabalhar com pressa. Até o próximo texto, onde abordaremos cada etapa vista acima individualmente.


Pedro Ramos
Chef e Consultor da PHX Consultoria
Tel: +55 (19) 996 646 572

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